Construções e sustentabilidade
Os graves problemas associados às mudanças climáticas e o esgotamento dos combustíveis fósseis têm norteado a construção civil e o trabalho dos arquitetos no mundo. Uma das principais premissas dos novos projetos é a aplicação de conceitos e materiais sustentáveis, afim de minimizar os impactos negativos da construção civil, no meio ambiente.
Mas, afinal, o que é desenvolvimento sustentável? De acordo com a Comissão Brundtland, esse desenvolvimento satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazer suas próprias necessidades. O projeto sustentável é a criação de edificações eficientes do ponto de vista energético, saudáveis, confortáveis, de uso flexível e projetadas para terem uma longa vida.
Somente por meio do uso de tecnologias mais inteligentes, de um maior respeito aos recursos naturais e da substituição de recursos não renováveis por práticas renováveis e autossuficientes, poderemos reduzir um pouco da pressão sobre o meio ambiente. Algumas mudanças de atitudes começam a ficar mais visíveis, como a utilização da energia geradas através da luz e do vento, a captação de águas pluviais e o processamento dos resíduos ou sua transformação em energia.
Porém, apesar de tudo que vem sendo pensando e feito, como criações de leis que proíbem a construção de prédios ou casas sem área verde, estímulos governamentais para a reserva de águas pluviais e vários outros exemplos já citados, é preciso fazer bem mais. No futuro, precisamos de edificações que sejam independentes de abastecimento de água e luz e que utilizem materiais neutros em emissão de CO2.
Bioconstrução
Várias estratégias têm sido defendidas como forma de alcançar um maior equilíbrio entre as áreas urbana e rural. Uma delas é a bioconstrução, método de edificação que busca integração harmônica entre a construção e o ambiente no qual ela está inserida. É a criação de ambientes mais sustentáveis, que tem como objetivo estimular a adoção de tecnologias de mínimo impacto ambiental, por meio de técnicas de arquitetura adequadas ao clima, que valoriza a eficiência energética e o tratamento adequado de resíduos.
De acordo com Gabriel Logarzo, permacultor e bioconstrutor, a bioconstrução utiliza técnicas relativamente simples e de fácil execução, que estimulam a criatividade e a vontade pessoal, além de valorizar o uso de soluções sustentáveis e pontuais a cada caso, como por exemplo o uso consciente do cimento e outros materiais não degradáveis. Ou a fabricação de tinta a partir do barro e a utilização de recursos naturais, com CO2 neutro, ao invés dos produtos industrializados.
“O atual desafio da arquitetura é resgatar a cidade da decadência urbana por meio da criação de um urbanismo atraente, sustentável e seguro, sem descartar seus elementos tradicionais. A chave para um futuro mais eficiente está na aplicação de novos sistemas de baixo consumo energético em estruturas preexistentes e no projeto de novas edificações que priorizem as questões ambientais e ecológicas. Paredes, janelas e telhados já existem, precisamos agora modificá-los com a ajuda de tecnologias ecológicas, desenvolvidas para novas construções”, segundo Brian Edward, autor do livro O Guia Básico para a Sustentabilidade.


